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Metodologias de Análise do Texto

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias
Licenciatura em Ciências da Comunicação e da Cultura

Docente: Prof. Doutor Luís Filipe B. Teixeira
(Semestral: 2º ano: 1995-1998)

Programa

Sinopse
Esta cadeira pretende, a partir duma problematização preambular dos próprios conceitos de «metodologia» e de «análise», atingir os seguintes objectivos, a saber: a) Uma abordagem textológica por referência à constituição do «círculo hermenêutico» e a uma sua (re)formulação com base numa perspectivação da noção de «autor/sujeito hermenêutico» e de «crítica» (versus «crítico»). b) A noção de «texto» por relação com as tentativas de se superar a distinção entre «compreensão/explicação». c) Por último, na componente prática, o contacto, exercitado, com a análise de um mesmo tema visto sob várias perspectivas (em 97/98, optou-se pelo tratamento do mito de Édipo) e, como complemento, a aprendizagem de noções básicas e de elementos metodológicos de organização de trabalhos científicos e universitários.

PARTE A
PREÂMBULO: Os conceitos de «Metodologia» e de «Análise»
I. O sujeito como instância hermenêutica
• Hermes, hermeios, hermeneia, hermeneuein
• Sujeito da Interpretação: O que é «interpretar»?
• A interpretação como exercício lúdico: interpretação/expressão
• A noção de «crítica»: Crítica e comentário.

II. Do Texto à Dialéctica Interpretativa
• O que é um TEXTO?
• Qual é o TEXTO?
• A Escrita e Re-escrita: ou a Leitura como trabalho significante

PARTE B
I -Um mesmo tema com variações: O mito de Édipo.
a.) Freud e o paradigma psicanalítico
b.) A determinação do texto no formalismo russo: V.Propp e a análise dos contos populares
c.) A perspectiva estruturalista: Lévi-Strauss e a análise dos Mitos.

II - Como é que se organiza um trabalho científico?
Bibliografia

A lista aqui apresentada constitui a espinha dorsal do programa da cadeira, constituindo a bibliografia básica em que se fundamenta cada um dos módulos temáticos abordados. No decorrer do curso serão indicados, aos alunos, outros textos (alguns deles, de comentário nas aulas) que perspectivem um aprofundamento de algumas matérias leccionadas. Os textos indicados com um asterisco são de leitura obrigatória e comentados nas aulas.

PARTE A

AA.VV., Enciclopédia Einaudi: Literatura-Texto, vol. 17, Lisboa, IN-CM, 1989

AA.VV., Encyclopaedia Universalis, «Herméneutique», vol. 8, Paris (1968) 1973, p. 365-366; «Interprétation», vol. 9, Paris (1968) 1973, p. 30-31 ()

ARISTÓTELES, Poética, 2ª ed., Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1990

BARTHES, Roland, Mitologias, Lisboa, Edições 70, s.d.

BARTHES, Roland, O prazer do texto, Lisboa, Edições 70, 1973

BARTHES, Roland,  Ensaios críticos, Lisboa, Edições 70, 1977 [«As duas críticas», pp. 339-346; e «O que é a crítica?», pp. 347-354]

BARTHES, Roland, O rumor da língua, Lisboa, Edições 70, 1984 [cap. II «Da obra ao texto», pp. 47-84 ()

BARTHES, Roland, O óbvio e o obtuso, Lisboa, Edições 70, 1984 [cap. 1. «A escrita do visível», pp. 13-198]

BARTHES, Roland, Crítica e Verdade, Lisboa, Edições 70, 1987 [«A crise do comentário», pp. 46-49; «A língua plural», pp. 49-55; «A crítica», pp. 62-73]

BARTHES, Roland, Lição, Lisboa, Edições 70, 1988

BARTHES, Roland, O grau zero da escrita, Lisboa, Edições 70, 1989

BELSEY, Catherine, A prática crítica, Lisboa, Lisboa, Edições 70, 1982

BENJAMIN, Walter, Sobre arte, técnica, linguagem e política, Lisboa, Relógio d’Água, 1992 [«O narrador», pp. 27-57; «O Autor enquanto produtor», pp. 137-156]

BLANCHOT, Maurice, O Livro por Vir, Lisboa, Relógio d’Água, 1984

CEIA, Carlos, Textualidade: Uma introdução, Lisboa, Presença, 1995

COELHO, Eduardo do Prado, Os universos da crítica: paradigmas nos estudos literários, Lisboa, Edições 70, 1987 [«o paradigma filológico», pp. 217-237]

COLLINI, Stefan (dir.), Interpretação e sobreinterpretação, Lisboa, Presença, 1993

CUNHA, Tito Cardoso e, «A ciência pós-moderna e a superação da dicotomia explicar/compreender», in Revista Comunicação e Linguagens, nº 6/7 sobre «Moderno/Pós-Moderno», Lisboa, Centro de Estudos de Comunicação e Linguagens, s.d., pp. 273-8.

DE MAN, Paul, Blindness and Insight  Essays in the rethoric of contemporary criticism, 2ª ed., Londres, Routledge, 1989 (1ª ed. de 1971)

DE MAN, Paul, A resistência à teoria, Lisboa, Edições 70, 1989 [«”Conclusões”: “A tarefa do Tradutor” de Walter Benjamin», pp.101-135]

DERRIDA, Jacques, L’écriture et la différence, Paris, Seuil, 1967

DERRIDA, Jacques, Margens da Filosofia, Porto, Rés, s.d. [«Assinatura, acontecimento, contexto», pp. 404-433]

DILTHEY, Wilhelm, «Origens da hermenêutica», in Textos de hermenêutica, Porto, Rés, s.d., pp. 147-174 e 202-203

ECO, Umberto, Leitura do texto literário, lector in fabula, Lisboa, Presença, 1983 [«O leitor modelo», pp. 53-70]

ECO, Umberto, Conceito de texto, São Paulo, I.A. Queiroz, 1984
[«Sobreinterpretação dos textos», in COLLINI, Stefan (dir.), Interpretação e sobreinterpretação, Lisboa, Presença, 1993, pp. 45-61]

ECO, Umberto, «Entre autor e texto», in COLLINI, Stefan (dir.), Interpretação e sobreinterpretação, Lisboa, Presença, 1993, pp. 63-80

ELIOT, T.S., «Criticar o crítico», in Ensaios escolhidos, Lisboa, Cotovia, 1992, pp. 233- 246

FOUCAULT, Michel, Nietzsche, Freud e Marx, Lisboa, Rés, 1975

FOUCAULT, Michel,  As palavras e as coisas, Lisboa, Edições 70, 1988 [«As quatro similitudes», pp. 73-85; «A escrita das coisas», pp. 90-99; «Crítica e comentário», pp. 131- 145]

FOUCAULT, Michel, L’ordre et le discours (leçon inaugurale au Collège de France prononcée le 2 décembre 1970), Paris, Gallimard, 1989 [trad. portuguesa, Lisboa, Relógio d'Água, 1997]

FOUCAULT, Michel, O que é um autor?, Lisboa, Vega, 1992

GADAMER, «Le problème herméneutique», in Archives de Philosophie, 33, 1970, pp.3-27

GADAMER,«Introducción» a Verdad y método: Fundamentos de una hermenéutica filosófica, Salamanca, Ediciones Sígueme, 1988, pp. 23-27. ()

GENETTE, Gérard, Introdução ao arquitexto, Lisboa, Vega, s.d.

GUSDORF, Georges, Les écritures du moi, Paris, Éditions Odile Jacob, 1991 [chap. dix, «Autobiographie et mémoires: le moi et le monde», p. 239-274; chap. onze, «Écritures du moi et genres littéraires», pp. 275-291; chap. seize, «Vers le degré zéro de l’autobiographie», pp. 405-420]

GUSDORF, G.,  A Palavra, Lisboa, Edições 70,1995 [«Comunicação», pp. 55-60; «Expressão», pp. 61-67; «A autenticidade da comunicação», pp. 69-85]

KRISTEVA, Julia, «Le sujet en procès: le langage poétique», in L’Identité, séminaire dirigé par C. Lévi-Strauss, Paris, P.U.F., 1983, pp. 223-256.

LELLOUCHE, Raphaël, Borges ou l’hypothèse de l’auteur, Paris, Éditions Balland, 1989 [«Prologue», p. 13-27; e cap. III «L’oeuvre invisible: Pierre Ménard, auteur du Quichotte», pp. 171-210]

LOPES, Silvina Rodrigues, Legitimação em literatura, Lisboa, Cosmos, 1994 [cap. I.4. «Hermenêutica e Crítica», pp. 53-64; I.10. «A hermenêutica como exigência de primazia do passado», p. 97-114; II.7. «Nietzsche: a máscara e o mito», pp. 199-210; II.9. «O heroísmo moderno. Crítica e segredo em Walter Benjamin», pp. 223-233; III.2. «A teoria e a crise do comentário», pp. 294-305; IV.3. «A questão do sentido», pp. 426-445; e IV.4. «A responsabilidade de abertura das interpretações», pp. 446-454]

LOURENÇO, Eduardo, «Da criação como crítica à crítica como criação», in O canto do signo  Existência e literatura, Lisboa, Presença, 1994, pp. 70-72.

MARTINS, Manuel Frias, Matéria Negra: uma Teoria da Literatura e da Crítica Literária, Lisboa, Edições Cosmos, 1993

MONTAIGNE, M., Essais, 3 vols, Paris, Librairie Génerale Française, 1972 [sobretudo, «De l’incostance de nos actions» (II,i); «Du repentir» (III, ii); e «De l’expérience» (III, xiii)]

MUSIL, Robert, Essais: Conférences, critique, aphorismes et réflexions, Paris, Seuil, 1984 [«La connaissance chez l’écrivain: esquisse», p.80-85; «L’écrivain dans notre temps», p. 274-288; «De l’essai», pp. 334-338]

PALMER, Richard, Hermenêutica, Lisboa, Edições 70, 1986 [sobretudo «Hermeneuein e Hermeneia: o significado moderno do seu antigo uso», pp. 23-41]

PLATÃO, Crátilo: diálogo sobre a justeza dos nomes, Lisboa, Sá da Costa, s.d.

RICOEUR, Paul, De l’interprétation. Essai sur Freud, Paris, Seuil, 1965

RICOEUR, Paul,  Le conflit des interprétations. Essais d’herméneutique I, Paris, Seuil, 1969 (trad. port. Porto, Rés, s.d.)

RICOEUR, Paul, Hermeneutic and human sciences, John Thomson (org. e trad.), Cambridge, Cambridge Univ. Press, 1981

RICOEUR, Paul, Do texto à acção: Ensaios de hermenêutica II, Porto, Rés, s.d. [«O que é um texto?», p. 141-162; «Explicar e compreender», p. 163-183; «O modelo do texto: A acção sensata considerada como um texto», pp. 185-212]

RICOEUR, Paul, Teoria da Interpretação, Lisboa, Edições 70, 1987 [«Explicação e compreensão», pp. 83-99]

RICOEUR, Paul,  A Metáfora Viva, Porto, Rés, s.d.

SCHOLES, Robert, Protocolos de Leitura, Lisboa, Edições 70, 1991

TAMEN, Miguel, «A constituição do sujeito da interpretação», in Maneiras da Interpretação: os fins do argumento nos estudos literários, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1994, pp. 49-81.

PARTE B
1.

BARTHES, Roland, A aventura semiológica, Lisboa, Edições 70, 1987 [«A análise estrutural da narrativa», pp. 203-265]

LÉVI-STRAUSS, Claude, Anthropologie structurale, 2 vols, Paris, Plon, 1973 e 1974 [vol. I, chap. XI «La structure des mythes», p. 227-255; vol II, chap. VIII «La structure et la forme: réflexions sur un ouvrage de Vladimir Propp», pp.139-173]

PROPP, Vladimir, Morfologia do conto, Lisboa, Vega, s.d. [«História do problema», p. 37-56; «Método e matéria», p. 57-63]

— «As transformações dos contos fantásticos», in Teoria da Literatura, vol. II, Lisboa, Edições 70, 1989, pp. 109-137.

— Édipo à luz do folclore (Quatro estudos de etnografia histórico-cultural), Lisboa, Vega, s.d., [«Édipo à luz do folclore», pp. 115-175]

TEIXEIRA, Luís Filipe B., O nascimento do Homem em Pessoa: A heteronímia como jogo da demiurgia divina, Lisboa, col. «Cosmovisões», Edições Cosmos, 1992 [II.1. «O trágico pessoano: Da consciência agónica ao jogo do desassossego», pp. 59-72]

— «Filologia vs Filosofia», in Pensar Pessoa: A dimensão filosófica e hermética da obra de Fernando Pessoa, Porto, col. «O mocho de papel», Lello & Irmão,1997, pp.177-193.

TODOROV, Tzvetan (org.), Théorie de la littérature  textes des formalistes russes, Paris, Seuil, 1966 (trad. port. em dois volumes: Teoria da literatura I e Teoria da literatura II, Lisboa, Edições 70, 1987, 1989)

TODOROV, Tzvetan, Simbolismo e interpretação, Lisboa, Edições 70, 1980

SIMONIS, Yvan, Introdução ao estruturalismo:Claude-Lévi-Strauss ou «a paixão do incesto», 2ª ed. Lisboa, Moraes Editores, 1979 [cap. V «A constituição do método e os seus problemas», p. 129-176; cap. VII «A análise estrutural dos mitos», pp. 203-227]

2.
AZEVEDO, Carlos A. Moreira e Ana Gonçalves de Azevedo, Metodologia Científica: Contributos préticos para a elaboração de trabalhos académicos, Porto, C. Azevedo, 1994

CEIA, Carlos, Normas para apresentação de trabalhos científicos, Lisboa, Editorial Presença, 1995

ECO, Umberto, Como se faz uma tese em Ciências Humanas, 4ª edição, Lisboa, Editorial Presença, 1988

FRADA, João José Cúcio, Guia prático para elaboração e apresentação de trabalhos científicos, 2ª edição, Lisboa, Edições Cosmos, 1991

FRAGATA, Júlio, Noções de Metodologia para a elaboração de um trabalho científico, 3ª edição, Porto, Livraria Tavares Martins, 1980

NP-405, Norma portuguesa definitiva: Referências bibliográficas, Direcção Geral da Qualidade, 1966

SUSSAMS, John E., Como fazer um relatório, 2ª edição (1ª edição 1987), Lisboa, Editorial Presença, 1990

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