«Despertar noutro ser humano poderes e sonhos além dos seus; induzir nos outros um amor por aquilo que amamos; fazer do seu presente interior o seu futuro; eis uma tripla aventura como nenhuma outra. (..) Uma sociedade como a do lucro desenfreado, que não honre os seus professores, é uma sociedade defeituosa.» (George Steiner) |
Teorias da Cultura
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias
Licenciatura em Ciências da Comunicação e da Cultura
Licenciatura em Cinema, Vídeo e Comunicação Multimédia
Docente: Prof. Doutor Luís Filipe B. Teixeira
Âmbito
Articulação, de modo problematizante e crítico, a experiência da nossa contemporaneidade com os vectores transdisciplinares constitutivos de uma Teoria da Cultura.Introdução às principais abordagens da problemática da Cultura Contemporânea, desenvolvendo-se nos seguintes parâmetros: a) Uma problematização do historial do conceito de Cultura; b) as principais perspectivas de uma Teoria da Cultura,sobretudo, acentuando a emergência da componente visual, perceptiva e técnica; c) os vários tipos de questões que giram em torno de uma Teoria da Cultura e da Modernidade, bem como o exercitar do olhar para a peculiaridade de certos fenómenos
Competências Adquiridas: Caracterizar as noções de «cultura», «modernidade» e de «técnica». Investigar e caracterizar os três paradigmas: «oral», «escrito» e da «imagem». Caracterizar a emergência da contemporaneidade por relação à noção de «cultura visual», percebendo a figura do «olho»/«olhar» na cultura ocidental. Caracterizar a subjectividade contemporânea por relação com a matriz técnica.
Normas de Avaliação:
Provas Escritas
Uma Frequência a realizar no final do semestre
Requisitos para aprovação na disciplina: Os alunos que na frequência obtenham média igual ou superior a 12 (doze) estão dispensados de Exame Final. Todos os alunos têm direito a exame de primeira época com nota de frequência inferior a 12 (doze) valores, desde que tenham sido avaliados em regime de avaliação contínua (frequência).
Exame Final
Requisitos para aprovação na disciplina:
Classificação igual ou superior a 12 valores na Frequência
Classificação igual ou superior a 10 valores no Exame
Programa
I. Da Cultura como Problema ao problema da Cultura
Introdução
I.1. Problemas Metodológicos das Teorias da Cultura.
I.2. Cultura, História e Modernidade;
II.Uma problematização do historial do conceito de «Teoria(s) da Cultura»
II.1. «Cultura agri» versus «Cultura animi» (Cícero e Horácio)
II.2. A noção grega de «Paideia»
II.3. Do Renascimento à matriz iluminista e o irromper da noção de «processo civilizacional»
II.4. O quadro romântico: A noção germânica de «Bildung» e o conceito de «Formação».
II.5. A dinâmica Natureza/Cultura: Espelhos que se auto- reflectem?:Do biológico ao Cultural
II.6. Jano e o horizonte bicéfalo: Cultura versus Civilização
II.7. E Prometeu criou os homens (Tradição versus Progresso)
II.8. O panorama de emergência das «Ciências da Cultura» face ao seu carácter paradoxal.
III. A emergência da contemporaneidade
Introdução: Cultura e Experiência: Da cultura da experiência à experiência da Cultura
III.1.Do Paradigma da Voz e da Escrita para o da Imagem: «Gramofone, Filme e Máquina de escrever» (Kittler)
III.1.1. Que é isso de «cultura visual»?
III.1.2. A centralidade da figura do «olho» na cultura Ocidental
III.1.3. A Modernidade e a génese da Figura do Observador
III.1.4. Do «virtual» (clássico) ao «pixel»
III.2. Mas Pandora tinha uma caixa: Da Tentação ao Castigo (a questão técnica)
Introdução: O paradigma técnico como matriz de reflexão sobre a Cultura Contemporânea
III.2.1. «Téchnê» versus «Poiésis»
III2.2. O Homem e a técnica (Spengler)
III.2.3. Da construção perceptiva à «fábrica da visão»
III.2.4. Memória e técnica: arquivo e databases
IV.O novo contexto da subjectividade contemporânea: Realidade, simulacro e virtual (o exemplo dos jogos interactivos)
BIBLIOGRAFIA
A lista aqui apresentada constitui a espinha dorsal do programa da cadeira, constituindo a bibliografia básica em que se fundamenta cada um dos módulos temáticos abordados. No decorrer do curso serão indicados outros textos (alguns deles, de comentário nas aulas) que perspectivem um aprofundamento de algumas matérias leccionadas.
A- Textos de leitura obrigatória:
1. Livro:
TEIXEIRA, Luís Filipe B., Hermes ou a Experiência da Mediação (Comunicação, Cultura e Tecnologias), Lisboa, Pedra de Roseta-Edições e Comunicação, Lda, 2004 (livro completo)
2. Textos individuais:
CRARY, Jonathan, Techniques of the observer: On vision and modernity in the nineteeh century, Cambridge,Massachussetts,London, MIT Press, ninth edition,1999 («Modernity and the problem of the Observer», pp. 1-24)
KITTLER, Friedrich A., Gramophone, Film, Typewriter, translated, with an introduction by Geoffrey Winthrop-Young and Michael Wurtz,Stanford, California, Stanford University Press, 1999 («Introduction», pp. 1-19)
MCLUHAN, Marshall, Understanding Media: The extensions of man, London, Routledge, 1995 («The written word: An eye for an ear», pp. 81-88)
MIRZOEFF, Nicholas, An introduction to visual Culture, London and N. York, Routledge, 2000 («Introduction:What is visual culture?», p. 1-33),
B- Outras obras seleccionadas de apoio
AARSETH, Espen, Cibertexto:Perspectivas sobre a literatura ergódica, Lisboa, Pedra de Roseta, colecção «Figurações», nº 3, 2005
ARENDT, Hanna, La crise de la culture: Huit exercices de pensée politique, tradução do inglês sob a direcção de Patrick Lévy, Paris, Gallimard, 1972 (Capítulo I: «La tradition et l’âge moderne», p. 28-57; e capítulo VI: « La crise de la culture: sa portée sociale et politique», p. 253-288).
BAUDELAIRE, Charles, O pintor da vida moderna, tradução e posfácio de Teresa Cruz, col. «Passagens», Lisboa, Vega, s.d.
BAUDRILLARD, Jean, Simulacros e Simulações, tradução de Maria João da Costa Pereira, Lisboa, Relógio d’Água, 199.
BENETON, Philippe, Histoire de mots: Culture et Civilisation, Paris, Presses de la Fondation Nationale des Sciences Politiques, 1975.
BENJAMIN, Walter, «A Obra de Arte na Era da sua Reprodutibilidade Técnica», in Sobre Arte, Técnica, Linguagem e Política, tradução de Maria Luz Moita, Lisboa, Relógio d’Água, 1992, p. 71-113.
CASARES, Adolfo Bioy Casares, A invenção de Morel, trad. Miguel Serras Pereira e Maria Teresa Sá, Lisboa, Antígona, 1984
CASSIRER, Ernst, «The “Tragedy of Culture”», in The logic of the humanities, tradução de Clarence Smith Howe, New Haven and London, Yale University Press, 1966, p. 182-217 (tradução espanhola de Wenceslao Roces in Las Ciencias de la Cultura, México, Fondo de Cultura Económica, 1972, p. 155-191).
DEBORD, Guy, A sociedade do espectáculo, tradutores Francisco Alves e Afonso Monteiro, Lisboa, Edições mobilis in mobile, 1991.
— «Comentários sobre A Sociedade do Espectáculo», in Comentários sobre a Sociedade do Espectáculo/ Prefácio à quarta edição italiana de “A sociedade do Espectáculo”, tradução de Fernando Silva e Edmundo Calado, Lisboa, Edições mobilis in mobile, 1995, p.7-107.
ELIOT, T.S., Notas para a definição de Cultura, tradução de Ernesto Sampaio, Lisboa, Século XXI, 1996.
FRANÇA, José Augusto, Charles Chaplin: O «Self-Made-Myth», Lisboa, Livros Horizonte1989
GOMBRICH, E.H., Para uma história cultural, tradução Maria Carvalho, Lisboa, Gradiva, 1994.
GRILO, João Mário e Paulo Filipe MONTEIRO, O que é o Cinema?, Revista Comunicação e Linguagens, nº 23, Lisboa, Edições Cosmos, 1996
JENKS, Chris (edited by), Visual Culture, London, Routledge, 1995 (sobretudo «The centrality of the eye in western culture», pp, 1-25)
MIRANDA, José Bragança de, «Discurso e Modernidade», in Analítica da actualidade, , Lisboa, Vega, 1994, p. 169-215.
SPENGLER, Oswald, L’Homme et la technique, tradução de Anatole A. Petrowsky, Paris, Gallimard, 1969 (trad. port. de João Botelho, Lisboa, Guimarães, 1980).
STEINER, George, No castelo do Barba Azul: Alguma notas para a redefinição da Cultura, tradução de Miguel Serras Pereira, Lisboa, Relógio d’Água, 1992.
TARKOVSKI, A., Esculpir o tempo, 2ª edição, S.Paulo, Martins Fontes, 1998
TEIXEIRA, Luís Filipe B. (2007), «(Composição) Narrativa vs Jogabilidade: Uma discussão (não) radical» (texto-base da conferência proferida na mesa sobre «Composição não-linear e hipernarrativa» (CCB-25 Maio 2006) Congresso Internacional sobre a «Tendência da Cultura das redes em Portugal») (a publicar)
TEIXEIRA, Luís Filipe B. (2007), «2001: Odisseia na...Ludologia» (texto sobre o «estado da arte» da cultura dos videojogos, produzido no interior do projecto «Trends on portuguese network culture» (a publicar)
TEIXEIRA, Luís Filipe B. (2005), «Jogo #1/Nível #3:Ludologia: Uma disciplina emergente?» (texto-base da comunicação ao 4o Congresso da SOPCOM-Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação:Repensar os Média:Novos contextos da Comunicação e da Informação)(Universidade de Aveiro, Outubro 2005) (já disponível em «pdf», «resumo» e «texto final», versão electrónica das respectivas Actas-ISBN 972-789-163-2)
TEIXEIRA, Luís Filipe B. (2005), Texto de apresentação da mesa temática sobre «Comunicação e Ludicidade» (em co-autoria com Conceição Lopes) do 4o Congresso da SOPCOM-Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação:Repensar os Média:Novos contextos da Comunicação e da Informação)(Un. de Aveiro, Out. 2005) (já disponível em «pdf», «resumo» e «texto final», versão electrónica das respectivas Actas-ISBN 972-789-163-2)
TEIXEIRA, Luís Filipe B. (2004), Hermes ou a experiência da mediação (Comunicação, Cultura e Tecnologias), Lisboa, Pedra de Roseta
TEIXEIRA, Luís Filipe B. (2004), Ludologia (jogo #1/nível #2) Em torno da fenomenologia do jogo cerimonial: Do lúdico categoria operatória do sagrado, in Caleidoscópio no 4, sobre Cultura de jogos, 2004 (reedição em Hermes ou a Experiência da Mediação (Comunicação, Cultura e Tecnologias), pp.187-192)
TEIXEIRA, Luís Filipe B. (2003), «Ludologia (Jogo #2/Nível #1).Retrato do Mesmo (Homem) enquanto Outro:Breves notas sobre (ciber)simulações lúdicas», in www.ciberscopio.net (secção cibersimulação), Coimbra capital da cultura, Outubro de 2003 (reedição em Hermes ou a Experiência da Mediação (Comunicação, Cultura e Tecnologias), pp. 175-185)
TEIXEIRA, Luís Filipe B. (2003),«Ludologia.(Jogo #1/Nível #1):Do instinto de jogo aos jogos do imaginário» in Comunicação e Sociedade, Universidade do Minho,2003, pp.163-179. (reedição em Hermes ou a Experiência da Mediação (Comunicação, Cultura e Tecnologias), pp. 157-174)
TEIXEIRA, Luís Filipe B. (1999), «Virtualidade e Heteronímia: As viagens pessoanas de Alice», in Revista de Humanidades e Tecnologias, Lisboa, Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, volume I, nº 2, 2º semestre de 1999
TEIXEIRA, Luís Filipe B. (1992), O nascimento do Homem em Pessoa:A heteronímia como jogo da demiurgia divina, Lisboa, Cosmos, sobretudo pp. 59-64